Vi o maravilhoso filme, Boyhood, de Richard Linklater.
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Antes de mais é fantástico que ele tenha conseguido pôr de pé um projecto destes - o filme acompanha a vida de uma família ao longo de 13 anos e foi, de facto, filmado durante esse tempo e sempre com os mesmos actores, o que significa que vemos os miúdos crescerem verdadeiramente, a passarem de crianças a adolescentes e depois a jovens, com as mudanças de voz e as borbulhas (acompanhamos Mason, a personagem principal, dos 5 aos 18 anos), ao mesmo tempo que o pai envelhece e que a mãe engorda e emagrece e os amigos ganham cabelos brancos, tudo isto sem recurso a postiços ou efeitos especiais. Linklater já tinha feito algo semelhante com a trilogia Antes do Amanhecer (1995), Antes do Anoitecer (2003), Antes da Meia Noite(2013), mas agora fê-lo de uma forma ainda mais radical. Em Boyhood, tal como nestes filmes, parece que não acontece grande coisa. A vida desenrola-se à nossa frente. Sem pressas. As pessoas falam muito, porque, na verdade é isso que fazemos durante a maior parte do tempo, falamos e falamos, e dizemos coisas sem importância nenhuma e outras que são muito importantes. As conversas são como as conversas verdadeiras, cheias de repetições e de interrupções e de hesitações. E os silêncios também. E as dúvidas e os sonhos que estas pessoas têm também. E de repente damos por nós a encontrar naquelas personagens imperfeitas e naquelas situações bocadinhos da nossa vida e das pessoas que conhecemos, seja um par de jovens que se encontra num comboio, seja um casal a tentar sobreviver à rotina, seja um adolescente que não sabe muito bem o que fazer com a sua vida. Ou uma mãe que batalha para refazer a sua vida ao mesmo tempo que educa sozinha os dois filhos. E depois os filmes acabam sem acabar, como a vida, que continua, sabe-se lá para onde.
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