domingo, 21 de junho de 2015

Filhos [2]


hoje refleti sobre o amor. Me peguei pensando nesse desenho que me tornei. Eu, que era um rascunho de gente até que ele voltasse a ser parte de mim. Eu, que vivia para mim e tão só para mim e nunca fui boa o suficiente comigo mesma para querer estar com alguém tão intensamente a ponto de não ser somente "com", mas sobretudo "em" alguém. Estou no seu pai, coração, corpo, mente, alma. Estou nele a cada segundo dos nossos dias. Eu, que nunca tive noção de tempo e cheguei a pensar que viver era tanto. Agora tenho pressa, tenho urgência dele. Estou nele em sentimentos que jamais soube que existiam e sequer nome têm; talvez tenham nomes em latim como plantas raras que tudo curam – e que poucos encontram nas densas florestas do cotidiano da nossa existência. Eu, tão desorientada desde sempre, ando sem bússola no meio dessa mata, exímia conhecedora que me tornei desde que entendi que minha existência havia se tornado uma coexistência. Sem ele, inexisto. Com ele, respiro. Reflito, filhos. Como é fascinante essa sorte que tenho de estar tão perto de mim mesma, toda a vida.»

Sem comentários: