quinta-feira, 28 de maio de 2015

Para a J.

Hoje é o teu dia e queria dar-te a melhor prenda do mundo mas tu és para mim a melhor prenda que sempre tive.
Quero dizer-te... Nunca é tarde para fazer a coisa certa e coisas boas acontecem sempre!.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Filhos

Palavras que podiam ser minhas, soubesse eu escrever assim:
Aos filhos.
«Uma lista de regras porque isso aqui está sempre muito livre e solto e pais existem para isso. Elaborar regras que determinem uma conduta aceitável. Vamos lá. Regras. Claras. Rígidas.
1. baguncem: a vida, os cabelos, as gavetas. Desconfiem de tudo, tudo que aparentar arrumado demais.
2. corram: se o espaço for mínimo – mas ainda assim possível – acelerem o passo. Correr nos dar o poder de fazer vento no rosto. Brincar de deus, ora. Agora, se o espaço for grande, voem.
3. se abracem: irmão abraçado faz muralha. Protege, acolhe.
4. falem um pouco mais alto que o necessário: onde tem voz de criança, no bairro, tem vida. Uma rua sem ruídos infantis é um beco sem saída.
5. tomem banho frio: rápido (por causa da falta de chuvas), mas tomem. Banho frio faz a gente lembrar dos ossos. E que estamos inteiros. Isso é para a vida.
6. comam juntos: fazer uma refeição sozinho é como rezar para um deus surdo. Quando os três estão à mesa, a alma se alimenta. 
7. leiam: é a única saída de emergência que salva do incêndio lá fora.
8. sujem a casa: isso indicará que vocês vieram de algum lugar divertido e que poderão se divertir limpando tudo, juntos, depois. Fazer faxina é melhor que fazer terapia.
9. ouçam sua mãe: ela é a única pessoa do mundo que não irá disputar com vocês o que é certo e o que é errado. Quer apenas que vocês sejam felizes.
10: tenham um quintal: baguncem, corram, se abracem, falem alto, tomem banho frio, comam juntos, leiam, se sujem e ouçam sua mãe quando ela disser que é hora de entrar em casa.»

As nove e do seu pai.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Primavera

Gosto dos dias quem entram pelo noite dentro.
Neste dias maiores, com sol, vento, algodões no ar só quero...


"que Deus me dê serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as que posso e sabedoria para distinguir entre elas."





domingo, 3 de maio de 2015

Mãe


Sou mãe todos os dias

Poema à Mãe
No mais fundo de ti, 
eu sei que traí, mãe
Tudo porque já não sou 
o retrato adormecido 
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras 
que há leitos onde o frio não se demora 
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo 
são duras, mãe, 
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas 
que apertava junto ao coração 
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas, 
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa; 
esqueceste que as minhas pernas cresceram, 
que todo o meu corpo cresceu, 
e até o meu coração 
ficou enorme, mãe!
Olha — queres ouvir-me? — 
às vezes ainda sou o menino 
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração 
rosas tão brancas 
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz: 
Era uma vez uma princesa 
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme, 
e todo o meu corpo cresceu. 
Eu saí da moldura, 
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe. 
Guardo a tua voz dentro de mim. 
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade, in "Os Amantes Sem Dinheiro"

Mãe

Para sempre
Porque Deus permite
que elas vão-se embora?